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1ª trip(zinha) - cubensis como mestre

travagiu

Hifa
Cadastrado
03/07/2018
1
8
30
Pesquisei muito antes da primeira trip.

li, assisti palestras, li novamente. Relatos, reportagens, estudos, biografia. Conversei com um amigo que cultiva. Enfim, me informei o bastante para fazer um uso seguro.

Peguei 2 gramas de cogus secos, julguei ideal para um primeiro encontro. Sou ansiosa e, antes de engolir tudo, provei um pequeno tanto (que não deve ter sido nem meio grama). Algumas sensações físicas, algumas emoções, nada demais. O gosto meio ácido, meio doce, meio ruim, meio bom. Muito respeito e gratidão dentro de mim. Agora sim: pronta!

Esperei 2 semanas pra de fato mandar tudo pra dentro. Meu cenário foi meu quarto, minha cama, fones de ouvido, uma playlist bem selecionada, todos meus gatinhos em volta de mim, e meu namorado ao meu lado. Não consegui mastigar, engoli pedacinhos com água. Em 30 ou 40 minutos, comecei a decolar.

Foi sutil. Eu estava aqui e de repente já estava lá. Uma transição suave entre estados de consciência. Sentia como se a psilocibina dentro de mim fosse algo como um ser inteligente. Um mestre dentro de mim, me ensinando através de sensações, ideias, e visões.

Meu coração doia suavemente, e essa dor se extendeu ao braço esquerdo. Aquela dor me remeteu muitas mágoas. Senti a dor. Deixei a dor doer, e me ensinar. Derreti por alguns segundos. Relaxamento profundo.

Então eu estava em pé sobre o mar (ou eu era um barca, acorado?). No céu, a aurora boreal, que eram meus pensamentos e sentimentos. Era noite densa, o escuro do inconsciente. A água é chão que não se pisa, se afunda. Eu observava, num absoluto estado contemplativo. Tudo aquilo era parte de mim, mas nada era eu. Será que os grandes mestres de meditação se mantém assim, o tempo todo? Contemplação. Será que é disso que se trata o tal do mindfulness? Psiconauta! Era isso: um quadro perfeito do que é ser psiconauta, navegar pela pópria alma.

Vi acima de mim uma mulher, indiana, nua, com suas pernas e vulva abertas sobre mim, rindo mas com concentração. Era como um ritual. Seria Rati Devi? Não sei. Poderia ser uma mulher comum em sua plena conexão sexual e espiritual. Para ela nem faz sentido separar as duas coisas, provavelmente. Lembrei que, diferente dela, sou brasileira, branca. Não tenho ancestralidade, sou fruto de um processo histórico de colonização. No sangue dela pulsa sabedoria ancestral, e no meu? De onde vem meus passos? Percebo um vazio dentro de mim, uma busca ávida por raízes. Lembrei que não tenho pai, tampouco sei muito sobre a história da minha própria família.

A dose foi pouca, pensei. E o cogumelo reforçou esse pensamento. Quero mais. Quero mais! A boca chegava a salivar. Não tinha mais. Entendi que, para uma experiência completa e com efeitos duradouros, eu precisaria de uma dose maior. Os efeitos já estavam diminuindo, e eu mal tinha navegado pra fora da bahia da consciência.

Em algum momento fiquei extremamente sonolenta, mas o cogumelo não me deixava dormir. À beira do sono ele me despertava como um susto. A partir daí, nada era muito descritível, sensações, sensações... me abracei, e fiquei me abraçando. Posição fetal. Amor e gatidão, amor e gratidão.

Fiquei nessas até me sentir pousando, aos poucos. Olhei no relógio e haviam passado 3 horas. Fui comer, estava eufórica, brilhando de felicidade. Dividi tudo com meu amor, contei com brilho nos olhos. Ele disse que eu parecia estar dormindo o tempo todo, e que só me ouviu dizer, em algum momento, "quero mais!" e "muito bom!". rs
 
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