Identificando

a) O cogumelo psicoativo mais comum no Brasil


Ele se chama Psilocybe cubensis. Sua estipe (talo) pode ser de esbranquiçada até dourado – marrom, com diâmetro entre 0.4-1.4 centímetros e altura entre 4-15 centímetros. Observe que no cogumelo pequeno existe uma película (véu) ligando a borda do chapéu à estipe, além desse véu estar ligado às lamelas na parte inferior do chapéu. Note então que, na medida em que o cogumelo cresce, esse véu se desprende do chapéu e das lamelas e forma algo como uma saia na estipe. Alguns cogumelos podem não apresentar esse véu, mas a maioria tem ao menos uma sobra da película. Abaixo, mais uma foto dos benditos:

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Figura 3.1 - Foto de cogumelos no esterco. Você os achará nascendo assim.

Seu chapéu mede entre 1.6-8 centímetros e possui características bem chamativas. Uma é o ponto dourado em seu centro. Sua cor pode ir do dourado claro até marrom, como na estipe, e é translúcida (deixa passar luz) quando o cogumelo está molhado. É coberto por cima por uma película grudenta que pode ser sentida somente passando a ponta do dedo sobre o chapéu. Esse chapéu tem o seguinte comportamento ao longo da vida do cogumelo: ele começa com um formato cônico que depois se mostra côncavo, fica reto e finalmente fica com formato de tigela, com as bordas apontando para cima.

b) O cogumelo branco, comum nos pastos do Brasil


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Figura 3.2 – Um exemplar solitário do cogumelo branco. Este cogumelo não deve ser ingerido. Somente observado e estudado.

Ele é facilmente identificado por suas características totalmente diferentes do Psilocybe cubensis. São brancos, do chapéu até as hifas (raízes). Seu chapéu é bem mais curvo, ovalado do que o do cubensis e sua estipe é bem fina e se quebra com facilidade.

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Figura 3.3 – Cogumelo branco (esquerda) e Psilocybe cubensis (direita).

Ele nasce geralmente em estrume de cavalo e não de vaca. Mas lembre-se que isso não é regra geral e o contrário poderá ser observado ás vezes. Se desenvolve com rapidez comparável á rapidez do Psilocybe cubensis, podendo os dois serem encontrados lado a lado, como mostra a foto vista acima.

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Figura 3.4 – Cogumelo branco (não psicoativo) nascendo em estrume de cavalo.

Este cogumelo não deve, em hipótese alguma, ser consumido. Já ouvi relatos de pessoas que comeram e não morreram nem passaram mal. Mas foram pessoas extremamente irresponsáveis (característica não desejada no caçador de cogumelos psicoativos) e também muito sortudas, por não comerem um cogumelo venenoso. Evite também de colhê-los ou matá-los. Respeite a natureza e o reino funghi, sendo seus membros psicoativos ou não. Lembre-se de que eles são uma família. Respeite todos seus membros e será recompensado pela mãe natureza.

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Figura 3.5 – Repare que o cogumelo branco pode se parecer com o Psilocybe cubensis em análise rápida, mas...

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Figura 3.6 - ...se repararmos bem, veremos que não tem erro.


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Figura 3.12 - Cogumelo ligeiramente parecido com o Psilocybe. Ele NÃO deve ser ingerido.

Uma maneira de se identificar os Psilocybe cubensis é quebrar o talo e verificar se após certo tempo, o talo fica ligeiramente azul-esverdeado ou azul. Outra coisa a se observar é a cor debaixo do chapéu, que deve ser entre roxo e preto. Um detalhe marcante nos cogumelos não psicoativos é que eles geralmente tem a parte debaixo do chapéu mais clara, como mostra a foto abaixo (observe também que o talo quebrado não fica azul):

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Figura 3.12 - Cogumelo com lamelas brancas e talo sem alteração de cor (não deve ser ingerido).

c) Dicas de identificação :positivo:


Você provavelmente não é um micologista, muito menos eu. E os profissionais nessa área são as únicas pessoas que podem dizer com certeza que um cogumelo é dessa ou de outra espécie. De qualquer maneira, levando em conta a relativamente fácil identificação do Psilocybe cubensis e a vasta experiência dos brasileiros com esses cogumelos somos levados à essas dicas:

  • um ponto extremamente importante a se considerar é a uma das substâncias ativas do Psilocybe cubensis, chamada psilocina (existem outras, mas isso é outro assunto). Esta, quando oxida (entra em contato com o ar – oxigênio) apresenta uma coloração peculiar, que pode variar de um azul-esverdeado claro a azul escuro. Repare: quando achar um cogumelo que você acha que é o certo, quebre sua estipe. Dentro de aproximadamente cinco minutos, no máximo, você notará (se for o P. cubensis) que a coloração mudou. No entanto costuma ser mais rápido que isso. Panaeolus cyanescens também azula rapidamente. Mas Panaeolus subbalteatus, geralmente azula pouco, geralmente só na haste, e bem devagar.

  • No chapéu, na maioria das vezes, podemos encontra um ponto mais escuro que o resto da superfície do mesmo. É como se fosse um nó, bem no meio do chapéu. O nó não é regra geral, mas a coloração pouco mais escura no centro do chapéu é.

  • Abaixo do chapéu podemos perceber várias “lamelas” bem escuras, podendo ir do marrom ao preto, passando pelo roxo escuro. É lá que estão os esporos. Repare que essas lamelas são bastante características do cubensis, sendo outro ponto a ser observado.

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Figura 3.7 – Note que, no centro do chapéu do Psilocybe cubensis, a coloração é de um tom mais forte do que no resto do chapéu.

  • O cubensis tem uma estipe oca. Este é outro ponto importante a ser observado. Além de ser oca, quando quebrada, ela fica desfiando em lascas. E nessas lascas podemos observar grandes quantidades de psilocibina.

  • O cogumelo, por muitas vezes pode ser encontrado seco. Ele fica debaixo do Sol e sem umidade, ficando enrugado e com cor pálida. Estes cogumelos ainda estão bons, mas vale a pena tomar mais cuidado com a identificação destes. Prefira os frescos.

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Figura 3.8 – Cogumelo seco pelo Sol.

  • O véu é outro ponto importantíssimo na identificação do cubensis. Quando novo, este apresenta um véu ligando a estipe ao chapéu. Com o amadurecimento do cogumelo, esse véu se rompe, formando uma espécie de “saia” na estipe do exemplar. Essa “saia” é de coloração escura, quase preta. Pode ser grande ou não, mas está presente na grande maioria dos casos. Às vezes podemos perceber que só existe o contorno dessa saia, sem a presença da mesma. Procure sinal dela ou de que ela já esteve lá.

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Figura 3.9 – O véu se rompe, formando uma espécie de “saia” na estipe do cogumelo. Pode ser expressivo como na foto ou...

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Figura 3.10 - ...pode estar mais grudado na estipe. De qualquer maneira, sua presença é facilmente notada, caracterizando o cogumelo cubensis.

  • Os cogumelos podem nascer isolados ou em família. Se encontrar um exemplar solitário, analise-o com bastante cuidado, mesmo já tendo identificado outros. Já no caso de encontrar uma família, retire um e faça todas as observações e comparações (principalmente a oxidação da psilocibina – o azulamento do cogumelo). Se este for o que você procura, aí sim colha os outros.


Figura 3.11 - A família reunida. Escolha um, analise e, se tiver certeza de que é o que procura, aí sim colha os outros.

E lembre-se: jamais se confunda! Tenha certeza absoluta de estar colhendo o cogumelo correto. Não se afobe em ter logo uma experiência e se arriscando a toa. Ela virá com o tempo se você realmente merecer u procurar e identificar direito, responsavelmente e tecnicamente.
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