O local ideal para se cultivar o Shiitake deve ser bastante úmido, algo em torno de 90%, com temperaturas amenas entre 10 e 30 graus e com altitude média de 800 metros. A área mínima para se iniciar o cultivo deve ser de aproximadamente 500 m².

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O custo inicial para a implantação de um cultivo com 1500 toras é de aproximadamente R$ 4.000,00 sem contar com as instalações que podem ser aproveitadas ou terão de ser construídas. O retorno de capital se dá entre um e dois anos variando em função das condições climáticas de onde se está cultivando.

O substrato é uma forma bem mais complexa de cultivo, exigindo investimentos, tecnologia e equipamentos de grande vulto. A alternativa seria a aquisição do substrato inoculado e pronto para a colheita. Em breve teremos esta possibilidade em nossa lista de produtos.

A comercialização deve ser feita em locais próximos ao cultivo pois o Shiitake fresco começa a se deteriorar em 5 dias após colhido, mesmo se mantido em geladeira. Os locais para comercialização são muitos: restaurantes, supermercados, hotéis, etc.

TIPOS DE CULTIVO

Há duas formas para se cultivar Shiitake: em troncos de árvores e em serragem.

Em Troncos de árvores: O cultivo do Shiitake é tradicionalmente feito em carvalho e castanheiras principalmente no Japão. No Brasil podemos cultivar em muitos tipos de árvores evitando as que sejam resinosas. Para as pessoas que vivem nas grandes cidades, lembramos que as prefeituras e as companhias de energia elétrica fazem podas periódicas nas copas das árvores e que estas sobras podem perfeitamente servir para o cultivo. O Eucaliptos, por ter troncos retos e ser de fácil manejo, é uma árvore usada para o reflorestamento, e por isso, existe em grande quantidade e com preços mais acessíveis do que castanheiras e carvalhos.

Corte das Árvores: ela deve ser cortada e separada em pedaços de 1 metro de comprimento com diâmetros entre 5 e 15 cm, tendo o máximo cuidado em não danificar a casca, pois neste cultivo desempenha importante função. Após o corte deixe repousar a sombra por no mínimo 3 dias e no máximo 10 dias para eliminar o excesso de umidade. O ideal é que a madeira esteja com 40 a 50 % de umidade.

Preparação para inoculação: as toras devem receber furos de 12,5 mm de diâmetro por 25 mm de profundidade. O espaçamento entre os furos no sentido longitudinal é de 100 mm, e lateralmente, no sentido do perímetro do cilindro da tora entre uma linha e outra a distancia é de 80 mm, sendo os furos intercalados entre os furos com o da linha anterior. Aumentar as quantidades de furos nas regiões onde foram cortados os galhos, pois essas lesões podem acarretar contaminações, caso o micélio do Shiitake não colonize rapidamente.

Inoculação: é feita com o micélio multiplicado em serragem. Esse micélio é obtido por processos laboratoriais. Por tanto, assim como no caso do Agaricus, as "sementes" devem ser obtidos de laboratórios idôneos. A inoculação deve ser feita em local limpo e desinfetado com pouca movimentação de ar.

Com um inoculador ou com o auxílio de uma colher, preencher os furos com "sementes", sem comprimi-las e nem deixá-las soltas de mais, somente uma leve pressão, tapando o ponto de inoculação, com uma pincelada de parafina e 5 % de breu, derretidos. Utilize sempre recipientes altos e largos e fogo baixo, pois a parafina e o breu são inflamáveis. Com o volume de um litro de micélio, inoculamos aproximadamente 8 toras padrão de 1 metro de comprimento por 10 cm de diâmetro. Evidente que toras mais grossa levarão mais "sementes" que as mais finas.

Incubação ou colonização: é o período correspondente ao desenvolvimento do micélio. Deve ser feita em local sombreado ( 70 a 95 % de filtragem de luz solar ), ventilado e próximo de água. Pode ser um bosque ou uma cobertura de sombrite. As toras devem ser dispostas horizontalmente de preferência (pois assim deve se perder menos umidade), empilhando-as como numa "fogueira de São João", deixando sempre um espaço entre uma tora e outra para ventilar.

A partir deste momento as "fogueiras" devem ser regadas todos os dias exceto nos dias chuvosos, para manter a umidade das toras em 40 a 45 % e, do ar 70 a 75 %. Em épocas mais secas devem ser regadas mais vezes ao dia para evitar rachaduras na casca e cerne.

A temperatura da tora ideal para a colonização é de 25 C no cerne da tora. O período de incubação do Eucaliptos aqui no Brasil é de estar concluído ao sexto mês, madeiras mais duras ,temperaturas mais frias, pouca umidade, contaminações excessivas, farão esse período prolongar-se para além do prazo citado.

Choque para a frutificação: haverá um momento próximo ao final da colonização que aparecerão na casca, pequenas formações parecida com pipocas (os primórdios), e alguns cogumelos esporádicos. Entendemos então que as toras estarão prontas para iniciar a produção e que para o crescimento simultâneo induziremos por intermédio de choques, que serão: Térmico, de umidade, de gás carbônico e mecânico. Para isso basta deixar as toras submersas em água (quanto mais fria melhor o resultado), por 12 a 72 horas, depois deixá-la cair de topo em uma base fixa, de uma altura de 40 a 50 cm, causando um forte impacto despertando a formação das primórdias.

Produção: depois do choque, colocar as toras em pé encostada em uma parede ou num varal feito com sarrafo de madeira a uns 60 cm do chão, deixando uns 10 cm de espaço entre as toras. Esses espaços serve para que os cogumelos possam crescer.

A partir do final dos choques, deve-se cessar as regas, mas mantendo o chão sempre úmido. Aguardar 7 a 14 dias para que os cogumelos comecem a aparecer. As condições para que tenha inicio a frutificação é : umidade relativa 95 % ; temperatura do ar de 15 a 20 C; iluminação 10 lux, pouca ventilação. Condições ideais para que os cogumelos cresçam saudáveis: umidade relativa 85 a 90%; temperatura do ar entre 15 a 20 C; bastante ventilação.

Colheita: quando o chapéu estiver com diâmetro de 3 a 5cm podem ser colhidos, isto não significa que os cogumelos maiores ou menores sejam impróprios para o consumo. Para colher basta torcer a base do pé do cogumelo e puxar para cima. A produção / tora / florada, é de 200g a 400g, dependendo da eficiência do choque, da idade da tora e de contaminações que possam ter.

Repouso: após a colheita, empilhar as toras, e voltar a rega-las regularmente como na incubação, por mais ou menos 2 meses até que apareçam novamente os primórdios, que indicam o momento de um novo choque. Esse procedimento deverá ocorrer por mais 5 a 10 vezes até que o Shiitake esgote todos os nutrientes da tora, ou até que a casca se perca totalmente. Dependendo do diâmetro da tora, esse esgotamento de nutrientes levará de 1 a 2 anos.

Processamento: os cogumelos poderão ser comercializados frescos dando preferência aos mais bonitos. A produção excedentes devem ser secas sendo esta a forma tradicional de conservação desse cogumelo.

A secagem deve ser feita com temperaturas entre 40 e 45 C, inicialmente por 2 horas, passando a 50 C por mais 2 horas, e finalizar com 60 C o restante da secagem. Isto deve acontecer com muita ventilação. Esse tipo de secagem demora de 8 a 12 horas para concluir. Outro tipo de secagem pode ser feita ao sol por 2 a 3 dias. Depois de seco, guardar em sacos plásticos bem vedados e armazená-los em local seco.

Cultivo em serragem: É um cultivo da vanguarda onde os resultados são mais rápidos e mais produtivos, porém muito mais tenso do que o feito em tronco, pois exige muito mais investimentos. Tenha atenção com os cuidados sanitários para evitar contaminações, que neste caso qualquer que seja, o substrato deverá ser descartado.

Escolha da serragem: a preferência é a de árvores de folha larga. Mas na ausência de serragens específicas usamos a que encontramos evitando as de aglomerado, compensados e as de madeiras tratadas com fungicidas, pois as substâncias contida nestas "podem" inibir o crescimento do micélio. As mais comuns de se encontrar são as de Pinus, tomando o cuidado de deixar sua serragem descansar ao tempo por 3 semanas, e de Eucaliptos de uso imediato.

Preparação da serragem: a serragem sozinha é relativamente pobre em nutrientes. Para melhorar essa produtividade, acrescenta-lhes suplementos tais como farelo de arroz, de trigo, fubá etc.. faz-se uma mistura, na proporção de 10 a 20 % de farelo de arroz, sobre o peso seco da serragem e água até obter uma umidade de 60 %. O melhor pH é o de 5 a 6. Esse substrato deve ser colocado em sacos plásticos de polipropileno (PP) que aguenta até 140 C sem se deformar, encher 2/3 das unidades com o substrato, fechando-o com fechepac, ou com um anel de cano de PVC por fora do boca saco e tampão de algodão por dentro.

Esterilização: se faz em grandes autoclaves no caso de produção industrial, e em panelas de pressão para produção a nível caseiro. A temperatura a ser atingida é de 127 C por 2 horas. Na panela de pressão contar o tempo a partir da saída de pressão pela válvula. Deve-se colocar no fundo da panela um suporte, para que o saquinho fique só no vapor. Caso a água não seja suficiente, interromper a contagem do tempo juntamente com o apagar
do fogo, colocar mais água na panela e só reiniciar a contagem do tempo quando sair pressão da válvula. Outra opção é a Tindalização, onde se atinge a temperatura de 100 C por 1,5 horas, por 2 dias consecutivos.
Semeadura: Após o resfriamento saquinhos devem ser conduzidos a uma sala previamente desinfetada. Essa desinfecção consta de limpeza do chão, paredes e teto, seguida de pulverização do ar com formol comercial a 10%, 3 dias antes de realizar a semeadura. Ao aplicar o formol, seja rápido pois ele é irritante das mucosas, por isso, seus vapores faz arder olhos, nariz, garganta e provoca descamações da pele. O frasco de "semente" e uma colher das de sopa deve ser flambada com fogo e desinfetada com álcool, assim como as mãos do semeador. É aconselhável que o mesmo tome um banho e coloque roupas limpas para iniciar a operação. Tudo preparado, abrimos a embalagem do composto e colocamos uma colher das de sopa cheia de "sementes" , e fechamos rapidamente.

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Incubação: esses saquinhos devem ficar por até 60 dias a temperatura ambiente, ou melhor acondicionado a 25 C, e umidade relativa de 90 %, onde o crescimento micelial é mais intenso.

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Durante esse período podem ocorrer contaminações com fungos e bactéria, promovido por vários fatores, tais como:
  • falta de esterilização;
  • falha no processo de limpeza e desinfecção de objetos, do ar, do semeador durante a semeadura;
  • furos na embalagem;
  • sementes contaminadas;
  • outros.
As contaminações podes ser identificadas, analisando as embalagens a partir de uma semana, onde não deverão conter colônias de coloração verde claro ou escuro, amarelo, marrom, ou ainda porções grudentas, melecadas e mal cheirosas. As embalagens contaminadas devem ser descartadas ou incineradas.

Indução e produção: ao final da colonização a embalagem plástica encontra-se mais grossa em função da formação de protuberâncias na serragem entre o corpo e a lamina da embalagem, e também coloração intensamente branca que irá se tornar marrom. Então deve-se cortar a tampa superior da embalagem e colocar em lugar fresco e ventilado, regar com bastante água três vezes ao dia até iniciar a brotação. Pare as regas no substrato só devendo deixar o chão úmido. Aguardar o crescimento dos cogumelos que serão colhidos e processados iguais ao do cultivo em toras.

Repouso: após a total colheita da embalagem os mesmos deverão ser voltados de cabeça para baixo e fechar a área onde estes vão repousar e aguardar por duas semanas. Em seguida, retira-se a embalagem totalmente, repetindo a indução. Uma terceira brotação poderá acontecer se repetir o processo descrito, porém a quantidade de cogumelos tenderão a diminuir, tornando-se inviável sua manutenção. Cogumelo Gigante; Caetetuba; Hiratake; Shimeji e outros (Pleurotus spp.)